Os Dez Anõezinhos da Tia Verde - Água
de Ana de
Castro Osório
Quem é que ainda
não se sentiu
assim?
Este pequeno conto foi escrito pela Ana de Castro Osório (1872-1935) no início do século XX, recolhido dos contos tradicionais portugueses, que iam passando de geração em geração através da oralidade. A escritora escreveu o conto numa época em que Portugal tinha uma taxa de analfabetismo muito grande e a mulher ainda era muito pouco considerada socialmente, sem direito a voto e dependente da autoridade masculina. O conto mostra parte dessa realidade, no entanto também mostra o engenho feminino para resolver problemas e continua atual no cansaço que muitas mulheres ainda hoje sentem para dar resposta a todas as necessidades do dia a dia.
As ilustrações da época, feitas por Leal da Câmara, que viveu entre 1876
e 1948, são ilustrações muito bem-dispostas e
expressivas, que mostram que Portugal sempre teve bons ilustradores.
Tenho este livro há vários anos e sempre o achei
muito bem realizado e tanto pode interessar a crianças, para a faixa etária para que está orientado nesta edição, como para qualquer
idade, porque é agradável de ler e de ver e além disso tem várias informações sobre os autores na sua apresentação.
Quem não gostaria de ter uma amiga como a Tia Verde-Água, com tão sábios conselhos e quem não gostaria de encontrar os seus
dez anõezinhos?
O conto começa assim:
“Havia uma mulher casada, que vivia
muito mal com o marido, porque
era preguiçosa, desmaselada,
e não tinha verdadeiro cuidado no amanho
da casa.
O marido saía sem almoço, voltava e não
o encontrava feito; e tudo por arrumar
e limpar, sem ordem nem governo.”
Albina Nogueira - primavera 2020